Ford Focus 1.0 ST Line – Ensaio
Ford Focus 1.0 EcoBoost ST-Line
Texto: André Duarte ([email protected])
Estilo em movimento
Corpo expressivo, alma modesta. É assim o Ford Focus 1.0 EcoBoost ST-Line. Um modelo que nos permite passear com estilo e prazer, sem exageros estéticos, mas que reúne um rol de características que nos fazem abanar a cabeça em consentimento provatório, enquanto pensamos, “Sim Senhor”
Incluído na gama ST-Line, lançada em meados de 2016, o Focus, assim como o seu irmão Fiesta, surge inspirado nos modelos Ford Performance, Fiesta ST e Focus ST, adquirindo por isso características que o dotaram de uma personalidade mais desportiva e refrescante.
O Focus ST-Line, como o Fiesta ST-Line, são propostos com uma gama variada de motores, suspensões e carroçaria desportivas, assim como jantes de liga leve de design específico, integrando no interior bancos e volante desportivos e pedais em alumínio. ‘Detalhes’ que têm como público alvo os amantes de uma imagem mais arrojada. Fomos conhecê-lo na versão equipada com motor 1.0 EcoBoost a gasolina.
Carroçaria
O Focus apresenta-se de imagem encorpada e com personalidade bafejada por apontamentos que contribuem para um visual cativante. Na frente destaca-se o capot esculpido e a nova grelha dianteira em ninho de abelha com formato trapezoidal (que pode contrastar com o bonito tom Race Red (234€), um opcional que deve ser tomado em linha de conta para ornar a carroçaria). A dianteira apresenta-se ‘cheia’, com personalidade e faróis de nevoeiro com contornos a negro.
As laterais emanam contornos esculpidos e ostentam um friso negro na linha de cintura abaixo das janelas, saias laterais e as inserções exteriores ST-Line nas laterais dianteiras. Já na traseira temos um difusor, faróis aerodinâmicos, um spoiler e um pára-choques específico que evidencia uma grelha em preto de fina espessura que percorre a parte inferior e lhe atribui charme. Atributos a que se juntam pormenores como os faróis dianteiros de halogénio; espelhos retrovisores elétricos aquecidos e as jantes de 17” na tonalidade Rock Metallic Grey. Elementos que juntos formam um cartão de visita visual que agradavelmente o fazem sobressair no quotidiano.
Interior
Quando no interior a perceção alterna entre sentimentos contrários. A qualidade dos materiais é um ponto que joga a seu favor, assim como alguns detalhes, como os pedais em alumínio ou a alavanca das mudanças tipo ST, com acabamento escuro e placas escovadas ST-Line. Nota também para pespontos vermelhos e pele perfurada nos bancos desportivos da versão ensaiada, a par do volante, também ele desportivo, com pespontos em cinzento, que agradam ao toque e ao olhar.
Porém, nos lugares dianteiros os passageiros têm de conviver com um tablier de dimensões demasiado expressivas, contribuindo para uma ligeira sensação de espaço condicionado, a que se junta a noção de, no geral, estarmos perante um habitáculo esteticamente conservador, sentindo-se falta de elementos que lhe atribuam verdadeira vida e frescura visual, não acompanhando assim em estilo a imagem exterior.
Os lugares traseiros apresentam-se cómodos e capazes de acomodar ‘pacificamente’ três elementos. Mais atrás, a bagageira de 363l de capacidade apresenta espaço em conformidade com a arquitetura do veículo, permitindo perfeitamente ‘abusar’ ligeiramente na hora das compras. Se quisermos trazer o supermercado, podemos ir sozinhos, ou com um acompanhante, e optar por rebater os bancos, ficando com 1148l que darão certamente para todas as necessidades.
Em termos de conectividade e Infoentretenimento o Ford Focus incorpora de série Rádio CDMP3 e sistema Ford SYNC3, ecrã a cores de 8” de alta resolução sensível ao toque e um avançado controlo por voz dos sistemas áudio, navegação, climatização e telemóveis. O sistema de disponibiliza intersecções detalhadas, nomes de ruas em alta voz, cruzamentos de auto-estrada e marcações em 3D.
Os condutores podem ainda dar ordens individuais para destinos de navegação ou pedir ao sistema que passe uma faixa de um determinado artista. A simples pressão do botão do comando de voz com a expressão “Estou com fome” faz surgir no ecrã uma lista de restaurantes nas redondezas, obtendo-se as respectivas direcções através do sistema de navegação. Há ainda ligação para smartphones e tomada de 12V na frente.
Sistemas de Assistência à Condução e Segurança
Sendo esta a versão de entrada no mundo Ford, muitos dos equipamentos surgem como opcionais (ver tópico em baixo sobre “Equipamento Opcional”). Ainda assim há vários elementos de série a ter em conta: ABS; controlo electrónico de estabilidade (incluiEBA); airbags laterais à frente; cortinas laterais insufláveis; kit de reparação de pneus; Sistema Stop/Start; Sistema de detecção de deflação de pneus(DDS); Sistema Easy Fuel e Controlo de vectorização do binário.
Equipamento Opcional
O principal neste ponto, e também o mais dispendioso, é o Pack Travel ST, que por 1652€ inclui: faróis automáticos; ar condicionado automático; sistema auxiliar de estacionamento atrás; retrovisores exteriores aquecidos e recolhíveis; sistema de navegação, SYNC 3, 6 colunas e câmara de visão traseira. Para quem ande maioritariamente em ambiente urbano, a travagem de emergência, por 305€ é também algo a ter em conta. A par disso há ainda vidros escurecidos (102€), vidros electricos atrás (254€) e em caso de furo, roda suplementar mini (102€).
Ao volante
Feitas as apresentações, passámos ao âmago da questão, o asfalto…
Iniciando a marcha rapidamente sentimos que os 125 cv do motor 1.0 EcoBoost por vezes parecem ‘curtos’, carecendo de algum ‘boost’ para mover os 1327 kg de peso, com o binário em baixas a levar-nos a ter algum trabalho na troca de relações – numa caixa de seis velocidades de escalonamento ligeiramente longo – para compensarmos essa nota, principalmente quando circulamos em situações de maior trânsito. Porém, não nos podemos esquecer que estamos perante um pequeno motor de 3 cilindros a gasolina que está a propulsionar um carro que, de pequeno, não tem nada, e isso logicamente tem as suas exigências e limitações. É quando o começamos a conhecer acima das 3250 rpm que o agrado aumenta. A estabilidade em curva e o comportamento são uma grande mais valia, com o Focus a dar-nos uma boa margem de permissividade, confirmada em regimes mais elevados e a permitir-nos encarar percursos encadeados com confiança, com o trabalho da suspensão desportiva, rebaixada em 10 mm, a ajudar, aliando a isso uma supressão eficaz das irregularidades. Também os travões se destacam pela sua atuação pronta.
Apesar do entusiasmo, é sempre bom não esquecer que falamos aqui da versão Focus com motor mais humilde, sendo que ao fim de alguns quilómetros de maior conhecimento e de o explorarmos se apreende facilmente que toda a sua estrutura está perfeitamente adequada a corações mais expressivos. Fica assim a ideia de que o motor 1.5 TDCI de 120 cv, com maior disponibilidade de binário, ou o mais potente 2.0 TDCI, com 150 cv, serão hipóteses mais proveitosas e em maior consonância com as arquitetura do Focus, ainda que o 1.0 EcoBoost satisfaça as necessidades.
Consumos
A Ford anuncia registos médios de 4,7l, se bem que em utilização, dentro da legalidade e com cuidados no acelerador, dificilmente descemos dos 6l, podendo, em alguns casos, ir aos 5,8l. A variação poderá ir, por exemplo, dos 5,2l em auto-estrada, para os 6,5l/7l em condução urbana. Já se quisermos explorar a fundo o seu motor e capacidades, devemos apontar aos 7l/8l.
Motorizações e versões disponíveis
A linha Focus conta várias versões: Trend+ (a partir de 25.251€), mas apenas com motor 1.5 TDCI de 120 cv e caixa manual de seis velocidades; ou Titanium (a partir de 22.688€ e até 34.882€) com blocos que variam entre o 1.0 EcoBoost de 125 cv e o 1.5 TDCI de 120 cv ou 150 cv.
Subindo na hierarquia de potências, chegamos aos mais distintivos ST e RS. No primeiro caso, os preços iniciam-se nos 38.436€, a versão ST mais barata mais também mais potente, com o motor 2.0 EcoBoost a debitar 250 cv. Já a motorização 2.0 TDCI de 185 cv, começa nos 38.875€.
Mas é no RS que está a nata da nata. Por 50.337€ chegamos ao topo. Motor 2.3 EcoBoost de 350 cv. Um carro para manter o ‘Focus’ bem atento ao volante.
Concorrentes
A aposta das marcas em motores a gasolina de baixa cilindrada é cada vez mais um ‘habitué’ e basta um olhar rápido sobre alguns modelos do segmento C que rivalizam com o Focus, para percebermos que o modelo da Ford não está ‘sozinho’ neste mundo nessa matéria.
Percebemos também que a Ford, aliando o seu Focus a um motor a gasolina 1.0 EcoBoost de 125 cv, está bem ‘lançada’ sobre a concorrência, oferecendo um bloco mais expressivo e acoplado a uma sempre bem vinda caixa de 6 relações, algo que não acontece com todos. A isto junta-se o seu interessante preço, de 22.180€, que se revela difícil de bater.
A versão de entrada do Volkswagen Golf, por exemplo, com motor 1.0 TSI de 110 cv e uma caixa manual de 6 velocidades custa mais 3009€. Na Peugeot o preço do novo 308 também é superior, 23.000€, sendo que neste caso falamos de um motor 1.2 a gasolina. A potência é de 110 cv e a caixa manual de 5 velocidades. Do lado da Opel, a rivalidade já é maior, com um preço 1170€ mais baixo, sendo que com uma proposta também mais reduzida em potência. Falamos de uma proposta de entrada na gama Astra com motor 1.0 que surge com 105 cv e associada a uma caixa de 5 velocidades. A Hyundai também já surge com uma relação preço/potência aproximada, dotando o seu i30 com motor 1.0 TGDI e 120 cv e caixa manual de 6 velocidades por 21.400€.
Balanço Final
O Ford Focus tem na imagem um dos seus grandes trunfos, ‘escondendo’ uma conceção criada com elementos de qualidade que redundaram num produto muito equilibrado e que tem no chassis, suspensão, travões e direção argumentos para cativar e surpreender no mercado. O motor 1.0 EcoBoost talvez seja mais conforme à estatura de um pequeno Fiesta, mas é preciso notar que estamos a falar da versão de entrada na gama e, por outro lado, quando olhamos para a concorrência percebemos que é um grande trunfo em termos de motorização/preço de entrada (destaque para a campanha em vigor, com uma redução em 3000€ face aos valores apresentados).
FICHA TÉCNICA
Motor
Tipo – 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler
Cilindrada (cm3) – 998
Diâmetro x curso (mm) – 71,9 x 82,0
Taxa de compressão – 10,0:1
Potência máxima (cv/rpm) – 125/6000 rpm
Binário máximo (Nm/rpm) – 170/1400-4500 rpm
Transmissão e direcção – Tracção dianteira, caixa manual de 6 velocidades; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
Suspensão (fr/tr) – Tipo McPherson; Independente Multi-Link
Prestações e consumos
Aceleração 0-100 km/h (s) – 11,0s
Velocidade máxima (km/h) – 193 km/h
Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 4,1/5,7/4,7
Emissões de CO2 (g/km) – 108
Dimensões e pesos
Comp./largura/altura (mm) – 4358/1823/1484
Distância entre eixos (mm) – 2648
Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1544/1534
Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos
Peso (kg) – 1327
Capacidade da bagageira (l) – 363
Pneus – 215/50 R17
(Preço de 18.180€ com campanha em vigor)
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