Renault Kadjar 1.5 DCI – Ensaio
RENAULT KADJAR 1.5 dCi 110 CV
Texto: José Luís Abreu ([email protected])
Classe Extra
Demorou ano e meio para que a Renault encontrasse uma solução que ultrapassasse a estúpida lei portuguesa das classes de portagem. Como resultado, Portugal tem um Renault Kadjar único, um automóvel que tem muito a ver com o Qashqai, mas acrescenta, e até é mais barato…
Para os adeptos deste segmento dos crossovers, há muito que era esperada a chegada deste Kadjar. Não que se esperasse algo totalmente diferente do ‘best seller’ Qashqai, mas a curiosidade era grande e foi pena ter que se esperar tanto tempo, devido a mais um pequeno exemplo da forma como os políticos espartilham este país com decisões insensatas. Mas isso são outros ‘quinhentos’ e dava para encher um jornal inteiro, mas o que queremos saber é o que vale o Kadjar, um carro que tem claramente argumentos para ser um grande rival do Nissan Qashqai. Tem a mesma plataforma e partilha com ele cerca de sessenta por cento das peças.
Como já se percebeu, a Renault teve que desenvolver uma versão específica para o nosso país, que apesar de lhe ter adicionado 46 Kg face à versão francesa ‘normal’, ao utilizar peças da suspensão traseira dos Kadjar 4X4 e com uma afinação específica, resultou num Kadjar com um melhor comportamento dinâmico e também mais confortável. Para além de que aumentou substancialmente a sua capacidade de carga. Do mal o menos. Para quem tem Via Verde, o Kadjar é Classe 1. Contudo, em Portugal está apenas disponível uma versão com o motor 1.5 dCi de 110 cv com caixa manual de seis velocidades. Um pequeno preço a pagar por saber resolver a estupidez dos políticos ‘fazedores’ de leis.
Inevitavelmente, não há forma de fugir à sua comparação com o Qashqai e a verdade é que não me admirava nada que a escolha de muita gente se quede na estética e preço, pois apesar de existirem muitos detalhes diferentes, são apenas isso, detalhes. Mas a verdade é que surgindo mais tarde é natural que a Renault tenha feito uma versão revista e melhorada e há entre esses detalhes pontos importantes. Em termos estéticos, este Kadjar parece ter andado muito pelo ginásio, pois tem zonas bem ‘musculadas’.
A posição de condução é boa, não é alta demais, os bancos são bem envolventes, o habitáculo é espaçoso, mas confesso que esperava um pouco mais de ‘classe’ e arrojo. No que verdadeiramente importa, o espaço, só o lugar traseiro ao meio é menos agradável, pois de resto é perfeito para uma família. Para além disso, a bagageira é enorme, neste aspeto não é fácil ter problemas a este nível.
Motor Poupado
Como se pode calcular, muitos dos aspetos de estética, conforto e afins são importantes mas o que vale mais é o motor e a receita utilizada pela Renault está mais do que comprovada com o motor 1.5 dCi de 110 cv, que não sendo um portento de potência, é suficientemente arreganhado, suave, refinado e essencialmente, muito económico, pois com uma condução mais cuidada dá para fazer médias bem abaixo dos 6l/100 km.
Logicamente, admito que a versão 1.6 dCi do Qashqai terá outras virtudes, não me recordo durante este ensaio de me ter sentido “filho de um Deus menor” devido ao motor, pois é bem desenvolto, e dá confiança em ultrapassagens mais à ‘pele’. Para além disso, a caixa está bem escalonada e mescla-se bastante bem com este motor, explorando-o na plenitude.
Outra boa notícia é o conforto dinâmico, pois, curiosamente, tive que rodar com o Kadjar em estradas saloias menos cuidadas e deu para perceber que não só o conforto dos ocupantes é, ainda assim, perfeitamente razoável, como em termos de performance dinâmica o carro porta-se bastante bem em estradas médio rápidas e mais sinuosas, permite curvar ‘depressinha’, e talvez o eixo traseiro ‘português’ tenha algo a ver com isto, pois os movimentos da carroçaria não são demasiado evidentes.
Este tipo de carros têm sempre essa pecha face a carros mais baixos, mas a evolução destes automóveis tem permitido melhorias muito grandes e hoje já é mais fácil ouvir alguém a destacar o facto de rodar com uma posição de condução elevada, com as vantagens que isso traz, do que queixar-se da pior dinâmica dos crossover face a carros com o Mégane, por exemplo.
O comportamento em curva do Kadjar é equilibrado e a sensação que fica é que é preciso abusar muito para sentir algum ‘stress’. Não esqueça, o Kadjar pode ser taxado como Classe 1 nas portagens nacionais, desde que com Via Verde, uma boa notícia para os apreciadores destes modelos.
MAIS: Consumos, dinâmica e conforto.
MENOS: Habitáculo e direção pesada.
FICHA TÉCNICA
Motor – 4cil., inj. direta, turbo, Diesel
Cilindrada – 1461 cm3
Transmissão – Dianteira
Cx Vel – 6 vel. manual
Potência – 110 cv
Binário – 260 Nm/1750 rpm
Vel máx – 185 km/h
Aceleração – 11,9 s (0-100 km/h)
Consumo – Médio 3,9 l/100 km, AutoSport 5,8 l/100 km
Suspensão dianteira – McPherson
Suspensão traseira – Independente multibraços
Travões dianteiros – Discos ventilados
Travões traseiros – Discos
Peso – 1426 kg
Depósito – 64 l
Mala – 527-1478 l
Emissões – 103 g/km CO2
0 comentários