Nissan Qashqai 1.6 dCI – Ensaio

NISSAN QASHQAI 1.6 dCi 130 CV

Texto: José Luís Abreu ([email protected])

O PRIMEIRO CROSSOVER DO MUNDO FEZ 10 ANOS

Já lá vão dez anos desde que a Nissan inovou com o Qashqai, numa ‘jogada’ de risco… em que ninguém imaginava o estrondoso sucesso que o modelo japonês teria e continua a ter. Hoje em dia tem muitos ‘seguidores’ e não dá grandes sinais de perder o embalo…

Não é novidade para nenhuma marca que alguma delas possa dormir, passe a expressão, à ‘sombra da bananeira’ de um qualquer modelo de sucesso da sua gama, e se houve alguma que podia perfeitamente ter tido razões para dormir uma sesta, era Nissan… e mesmo assim ainda acordaria na frente da corrida. Dez anos e muitos concorrentes depois, a ‘conversa’ já pia bastante mais fino. O Nissan Qashqai já começa a perder gás para alguma concorrência que se reforçou fortemente.

Mas o Qashqai continua a ser primeiro entre iguais, e em 2016 ainda esteve no top 10 de vendas em Portugal, sendo o único crossover ‘grande’, só ultrapassado pelo ‘compacto’ Renault Captur, que não é a mesma coisa. Portanto, essa presença, diz muito, embora não diga tudo!

Não é novidade para ninguém que quando a Nissan lançou o Qashqai, em 2007, inventou um novo conceito de veículo. “Se não os pode vencer… inove! Foi isso que a Nissan fez ao criar o Qashqai”, escreveu o AutoSport na altura, após a apresentação de Barcelona, estávamos em janeiro de 2007: “Tem estilo, é original e confortável. Estes são alguns dos argumentos que podem seduzir quem procure um automóvel robusto, aliado a uma posição de condução e carroçaria elevadas, uma forte linha de design, um espaço interior amplo e consumos baixos. Em Portugal, este Qashqai poderá ser um verdadeiro caso de sucesso.” E não é que foi mesmo! Quando o Autosport testou o primeiro Qashqai, em junho do mesmo ano, a opinião de Rui Pelejão não enganava ninguém: “Fazer carros é, às vezes, um exercício próximo de dar tiros no escuro. Nunca se sabe quando se acerta. Desta vez a Nissan mostrou pontaria afinada. Uma espécie de monovolume, com ar de SUV, comportamento de Station Wagon e preço de familiar” disse Rui, de ‘teclado’ também bem ‘afinado’.

E muito do que se disse naquele primeiro encontro continua a fazer sentido dez anos depois, embora, muito naturalmente, ao olhar para o primeiro e para o atual Nissan Qashqai, se perceba bem quanto os automóveis evoluíram e o mundo mudou.

E faz sentido que a Nissan comemore esta efeméride, pois não se trata de um qualquer crossover, é o pioneiro e um automóvel que marcou uma clara viragem na indústria automóvel europeia. Por isso não é de estranhar também que já este ano a Nissan tenha previsto estrear a tecnologia de condução semi-autónoma no modelo – a Pilot Drive 1.0 será integrada nos novos Qashqai a chegar ao mercado em 2017 – sendo esta a primeira etapa de um plano para a implementação de novos sistemas de condução autónoma até 2020. Em 2018, o Pilot Drive 2.0 já permitirá a troca de faixas automaticamente e o Pilot Drive 3.0, programado para 2020, possibilitará que o carro possa atravessar cruzamentos urbanos sem intervenção do condutor.

Neste modelo testado, o 1.6 dCi de 130 cv, continua com uma personalidade muito bem vincada, este Qashqai, ao contrário do modelo anterior que tinha um habitáculo espartano, está no pólo oposto: a habitabilidade é excelente; os bancos dianteiros têm excelente apoio lateral; não falta espaço no habitáculo; esta motorização oferece um grande equilíbrio entre prestações e consumos; o motor é bastante elástico e tem força desde pouco acima das 1000 rpm.

Mas esta versão N-Connecta destaca-se pelo ‘armamento’ tecnológico, pois a este nível este Qashqai é soberbo e possui, por exemplo, acesso às apps através do smartphone; tem ecrã táctil de 7” anti-reflexo de alta resolução; sistema de navegação 3D; e Tecnologia Google Send-to-Car, em que podemos programar o percurso no portátil e enviá-lo diretamente para o Qashqai. Com o safety Pack, tem ainda acesso a aviso de mudança de faixa involuntária; identificador de sinais de trânsito; regulador automático das luzes de máximos; e sistema de anti colisão frontal. Até 2020 já sabemos o que aí vem, para quando um Qashqai que nos leva autonomamente? Já esteve mais longe e não vai demorar mais dez anos…

MAIS: Motor e tecnologia.

MENOS: Caixa e direção.

FICHA TÉCNICA

Motor – 4cil. linha, inj. direta common rail, turbo, intercooler, Diesel

Cilindrada – 1598 cm3

Transmissão – Dianteira

Cx Vel – 6 vel. manual

Potência – 131 cv

Binário – 320 Nm/1750 rpm

Vel máx – 190 km/h

Aceleração – 9,9 s (0-100 km/h)

Consumo – Médio 4,4 l/100 km, AutoSport 6,1 l/100 km

Suspensão dianteira – Tipo McPherson

Suspensão traseira – Eixo de torção

Travões dianteiros – Discos ventilados

Travões traseiros – Discos

Peso – 1515 kg

Depósito – 55 l

Mala – 430-1598 l

Emissões – 116 g/km CO2