Ensaio: KIA RIO 1.0 T-GDI
Texto: Filipe Pinto Mesquita
A quarta geração do Rio tem argumentos de sobra para lançar a KIA no competitivo mercado dos utilitários, sem qualquer tipo de preconceito. E a versão 1.0 T-GDI, com um espevitado motor a gasolina de 100 cv, aparece bem posicionada face à concorrência externa e interna (variantes diesel)
Diesel ou gasolina? A eterna dúvida parece cada vez ser menos… eterna! Agora que as leis contra as emissões diesel apertam e os construtores estão a reforçar a aposta nos motores a gasolina! E é neste contexto que o Kia Rio 1.0 T-GDI aparece como proposta a levar muito a sério no segmento dos utilitários citadinos, que não têm qualquer problema em aventurar-se fora da cidade. A aguerrida motorização de litro, sobrealimentada com um turbocompressor, recebe as honras da unidade mais potente da gama (entre as versões gasolina e diesel), com uns “nervosos” 100 cv que, na prática, parecem ser até mais.
Só o tilintar dos três cilindros destoa, mas a disponibilidade do pequeno motor é garantia de animação constante, sem recurso constante à bem escalonada caixa de cinco velocidades, fruto de um binário disponível logo a partir das 1500 rotações, como se da versão diesel se tratasse. Perante a energia disponibilizada, os consumos não se ressentem, com os valores de 5,8 litros/100 km a serem mais realistas que os de 4.5 litros/100 km anunciados oficialmente, o que nos leva a questionar se os 19.300 € pedidos não serão melhor aposta que os 22.830 € (mais 3530 €) que custa a versão topo de gama diesel (1.4 CRDi, com somente 90 Cv). Muito provavelmente, serão, mas dependerá sempre da quantidade de quilómetros que fizer por ano. Decisões à parte, há muito para encantar neste novo Kia Rio. Se, por exemplo, os materiais do tablier mereciam outra qualidade, nada há a apontar ao estilo moderno do habitáculo que concentra grande parte dos manípulos no volante, mas que não dispensa alguns comandos rotativos e ergonómicos na consola. Tudo “arrumadinho”, pragmático e bem servido por um écran tátil de 7’’ de alta resolução, que na versão TX (a mais equipada) não im- plica abrir mais os cordões à bolsa, o que também sucede com a sempre útil câmara de marcha-atrás, mesmo que o Rio não tenha dimensões exteriores exageradas (4.065 metros).
Aliás, é no equipamento de série que o Rio mais se torna aliciante e a presença do sistema cruise control e de controlo de pressão dos pneus, do ar condicionado (manual), de ligações Bluetooth ou USB, de faróis LED, de sensores de luz/chuva, dos retrovisores elétricos com “piscas” e do sistema de navegação que deixa claramente a ideia de que os orientais já assimilaram as exigências dos mercados europeus, onde uma recheada lista de equipamento é sempre sinónimo de superior cota de vendas. Se à frente não há problemas de espaço, atrás é difícil acomodar três passageiros,
mas duas pessoas viajam tranquilamente, da mesma forma que os 325 litros da bagageira são também suficientes para alojar as principais “tralhas”.
Ao nível do conforto, o amortecimento deste KIA Rio foi pensado para poupa o corpo, com a afinação de suspensão a caracterizar-se pela suavidade, privilegiando a comodidade e prejudicando a eficácia do comportamento em ritmos mais elevados pelo adornar da carroçaria, o que não se pode, todavia, condenar, num carro que foi projetado sob o desígnio de um compacto familiar. Atrativo suplementar e bem reputado continuam a ser a oferta dos 7 anos ou 150 mil quilómetros de garantia, que bem puderam ajudar a desequilibrar a balança para o lado da KIA, no dia da decisão de compra!
Ficha Técnica
Motor 3 Cil., Inj. Direta, Gasolina, 998 Cm3; Potência 100 Cv/4500 RPM; Binário 172 Nm/1500-4000 RPM; Transmissão Dianteira, Cx. Manual 5 Vel.; Suspensão: Tipo McPherson à Frente e Independente, Eixo de Torção atrás; Travagem DV/T; Peso 1155 Kg; Mala 325 (810) Litros; Depósito 45 Litros; Vel. Máx. 188 Km/H; Aceleração 0-100 Km/H 10,7s, Consumo Médio, 4,5 L/100 Km/5,8 L/100 Km (Autosport); Emissões 102 G/Km
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