ENSAIO: SEAT ATECA 2.0 TDI CR 150 CV 4WD XCELLENCE

By on 23 Fevereiro, 2017

Apesar de ser o primeiro SUV da marca espanhola, o Ateca beneficia muito do que já existia no Grupo VW. As sinergias são assim, aproveitam-se e melhora-se o que já existia…

Tinha razão, quando quase há um ano, Luca de Meo, presidente da Seat, revelou no lançamento do Ateca – o primeiro SUV da marca espanhola. Acreditava que este modelo iria ter sucesso e grande recetividade junto dos seus clientes e assim foi. Menos de um ano depois, isso está mais do que comprovado, o Ateca é claramente o terceiro pilar da marca logo a seguir ao Ibiza e ao Léon, permitindo aos espanhóis cobrir mais uma – e bem importante – fatia de mercado. Mas este não foi um passo dado no desconhecido, pois se a carroçaria ‘habla español’, tudo o que fi ca por debaixo estava mais do que comprovado noutros produtos do Grupo Volkswagen, e isso ajuda e muito ao sucesso. Portanto há aqui ‘investimento’ seguro, e o que a Seat fez foi ajustar o seu SUV às preferências dos seus clientes e pelos vistos fê-lo com sucesso. Sendo este tipo de carros uma moda, não fazia sentido estar muito mais tempo sem um carro destes, e a verdade é que a Seat desenvolveu um SUV muito interessante.

Normalmente não me detenho muito na estética, pois o chavão ‘gostos não se discutem’ está mais do que banalizado, mas a verdade é que quem é adepto do design da Seat não pode deixar de gostar deste Ateca, até porque sendo um Léon um carro bem sucedido junto das ‘chicas’ por ser ‘guapo’, este Ateca é, basicamente, um Léon mais ‘encorpado’ com detalhes de maior classe. A plataforma é a MQB, a mesma do VW Tiguan. Olhando para outros modelos do grupo, há muitas semelhanças. Neste caso, há uma boa diferença – o facto de ter sido colocada maior ênfase na emoção do que na razão, ou seja, o carro guia-se com prazer, é bom em termos dinâmicos e tem um comportamento que entusiasma, ao contrário doutros SUV, que são, digamos, “sem sal”.

Motor poupado

Neste caso específico, o ensaio foi feito com um 2.0 TDI de 150 cv 4drive (4X4) que surpreendeu, pois o peso do carro poderia parecer demasiado para os 150 cv do motor, mas a verdade é que o carro se move bastante bem, especialmente com esta caixa manual de seis velocidades, que está bastante bem afinada com o sistema de tração às quatro rodas, que mesmo em pisos um pouco escorregadios é célere afazer mexer o Ateca, ajudando a que este carro seja ágil. Claro que mais potência nunca é demais, e talvez, quando o ensaiar, ache que a versão de 190 cv é melhor, mas pelo menos esta versão de 150 cv é bem fácil de lidar, eficiente, e os consumos não são nada maus, conseguindo-se com alguma facilidade valores pouco acima dos 6l/100 Km.

Tal como a maioria dos SUV, não tem uma fabulosa envolvência de condução como encontramos com maior facilidade nos Premium da BMW, Audi ou Mercedes, mas este Ateca lida bem com a estrada, não é totalmente confortável, mas essa afinação ajuda na dinâmica do carro, pois a carroçaria não tem movimentos exagerados e a frente insere-se bem nas curvas. No mau piso, sofre-se um pouco, mas mais uma vez a firmeza da suspensão permite depois outro tipo de andamento, mesmo em pisos mais escorregadios. Com tração integral, este Ateca tem um eixo multibraços atrás e isso faz grande diferença no comportamento do carro. Nem sequer me lembro de um Qashqai com este comportamento, se bem que a diferença também não é grande. Outro ponto forte deste Ateca é o interior, o carro é espaçoso, a bagageira é enorme e tem uma altura de carga baixa e ampla. O habitáculo não é algo que se destaque verdadeiramente, mas tem um detalhe importante, o tablet de oito polegadas, que é bem intuitivo e fácil de utilizar, para além de se interligar perfeitamente com o smartphone. Este Ateca é um carro interessante, o comportamento dinâmico é bom, é um carro com um bom porte, a qualidade perceciona-se bem, espaço não falta, e apesar dos ‘colegas’ de segmento terem também muitos argumentos, parece-me que não falta nada a este Ateca, é bem capaz de ser daqueles casos em que o ‘jogo se decide nos detalhes’. Veremos como irá o mercado reagir daqui para a frente, mas facto é que esta aposta da Seat é indiscutivelmente um argumento válido no mercado e corresponde a uma entrada com o pé-direito neste segmento. Uma estreia a bom nível que certamente será o primeiro de muitos modelos em que a Seat irá mostrar que tem uma palavra a dizer. Da nossa parte, como ficou claro, é uma proposta que agradou. Agora resta esperar para ver o que poderá vir mais no futuro.

Seat Ateca 2.0 TDI 150 cv 4Drive

Motor 4 cil. em linha turbodiesel; inj. Direta Common Rail; 1968 c.c.; Potência 150 CV/3500 -4000 rpm; Binário 340 Nm/1750-3000 rpm; Transmissão Integral permanente, caixa manual 6 Vel.; Suspensão Independente McPherson fr/independente multibraços tr.; Travagem DV/D; Peso 1548 kgs; Mala 485 litros; Depósito 55; Vel. Máx 196 km/h; Acel. 0-100 km/h 9,0 seg.; Consumo médio 5,1 l/100 km; Consumo AutoSport 6,3l/100 Km; Emissões CO2 129 gr/km

 

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