BMW M2 Coupé: Injeção de adrenalina
As estradas abertas ao público não são o melhor palco para testar o BMW M2. Por isso, fomos a Budapeste, ao mítico Hungaroring ver o que valia o Coupé bávaro. E vale mesmo muito…
Q uando por vezes temos a oportunidade de ensaiar desportivos, por razões óbvias, as estradas do dia-a-dia não são o melhor palco para um ‘tira-teimas’. Por isso, fomos à Hungria e no mítico circuito de Hungaroring pudemos levar o BMW M2 Coupé aos (nossos) limites, e com isso perceber como se comporta muito bem em todo o tipo de curvas que nos foram presenteadas no traçado. Já lá vão 30 anos que a Fórmula 1 passou a Cortina de Ferro, pois foi em 1986 que ali se realizou o primeiro Grande Prémio de Fórmula 1. E que memórias ‘ele’ deixou para a modalidade.
Não é novidade para ninguém que Hungaroring é dos circuitos em que é mais complicado aos pilotos de Fórmula 1 ultrapassar, e talvez por isso, Nelson Piquet espantou toda a gente com a ultrapassagem que fez a Ayrton Senna por fora na curva 1, em 1987. Um momento inesquecível da história da modalidade, mas longe de ser o único naquele palco. Também ali, Nigel Mansell venceu em 1989, vindo de 12º na grelha, também com uma grande ultrapassagem a Ayrton Senna, foi lá, também que Damon Hill e Fernando Alonso alcançaram a sua primeira vitória na Fórmula 1, em 1993 e 2003, respetivamente, e também que António Félix da Costa obteve a sua primeira vitória na Fórmula Renault 3.5 V6, em 2012. Bem a propósito, o jovem piloto luso esteve em Hungaroring para mostrar aos jornalistas o que era capaz o M2 Coupé em pista, e o que se viu foram foram momentos de pura diversão.
Mas o que interessava mesmo era perceber as sensações que nos podia ‘devolver’ o M2 Coupé, e a verdade é que tivemos nas mãos um carro muito divertido de guiar, eficaz, ágil, muito rápido e que facilmente nos fez subir o nível de adrenalina. Resumindo, 370cv de puro prazer!
SENSAÇÕES FORTES
No seu ‘coração’, um motor de seis cilindros, 3.0 litros biturbo, com 370 cv às 6.500 rpm, com um enorme binário de 465 Nm que se eleva a 500 com overboost. Isto permite ao M2 chegar facilmente aos 100 km/h, em apenas 4,4 segundos (4,3 com a caixa automática de sete velocidades DKG) atingindo os 250 km/h (limitados eletronicamente, já que com o M Driver Package chega aos 270 km). E foi com tudo isto nas mãos que enfrentámos o Hungaroring, uma pista bem variada e onde o M2 nos pode mostrar do que é capaz. Sendo compreensível, foi com muita pena nossa que não tivemos a oportunidade de enfrentar a totalidade do circuito sem um ‘monitor’ à frente, para nos cercear o entusiasmo, mas na verdade poucas foram as situações em que os travões foram utilizados mais cedo do que seria expectável, tal o ritmo que o ‘monitor’ confiou aos ‘instruendos’. Apesar de sairmos das boxes, chega-se à primeira curva já muito depressa, e a primeira coisa que nos apercebemos é quão equilibrado o M2 é. Só bem mais depressa demonstra um ligeiro sinal de deixar fugir a traseira, mas ainda assim totalmente controlável, pois o controlo eletrónico faz um grande trabalho na ajuda ao ‘piloto’ de ocasião. Mas o desafio ainda só tinha começado, já que no traçado surgiam chicanes feitas de pinos, para refrear a velocidade, e é aqui que se percebe a fantástica agilidade do carro, mesmo ‘provocado’ dificilmente perde a ‘compostura’.
Ao invés de fazermos uma condução mais limpa, como se exige em circuito, propositadamente exagerámos sempre um pouco, deixando para muito mais tarde as travagens, mas a sensação que ficou é que o M2 aguenta quase tudo. Foi pena não podermos desligar o DSC, o controlo de tração. Noutro ponto do circuito, na curva 5, reconfirmámos que o M2 curva sobre carris, e não é fácil descarrilá-lo. O carro é extremamente estável, e se abusarmos, só demora um pouco mais a ‘ganhar’ a dianteira quando aceleramos demais à saída das curvas. Outro ponto curioso é que a eletrónica permite, ainda assim, uma boa dose de diversão, e quando intervém é progressiva e não abrupta. De resto, o carro tem sempre reações que inspiram confiança, e nunca ‘devolveu’ nada de muito estranho ou inesperado. No final, foi possível fazer duas voltas à totalidade da pista, e ainda que sendo uma pista, esta retira um pouco a sensação de velocidade, verdade é que sem o percurso mais sinuoso delimitado pelos pinos, pudemos perceber que a caixa DKG é muito rápida, mas a utilização da versão sequencial é mais divertida. Em Portugal, o preço do M2 começa nos 69.795€, cerca de menos 17.000€ que o M3 Berlina, mas certamente pelo menos com os mesmo prazer de condução, se calhar até mais, já que o facto de ser bem mais pequeno e leve possibilita uma agilidade maior, e por isso ainda mais diversão.
FICHA TÉCNICA
Motor: 6 cil., Gasolina, turbo dupla fase, inj. dir., 2979 cc
Potência: 370 cv
Binário: 465 N.m./1400-5550 rpm
Transmissão: Traseira, Auto. De 7 vel.
Suspensão: McPherson à frente e multibraços atrás com molas helicoidais
Travagem: DV/DV
Peso: 1595 kg
Mala: 390 l
Depósito: 52 l
Vel. Máx.: 250 km/h (limitados eletron.)
Aceleração 0 aos 100 km/h: 4.3s
Consumo médio: 7.9 l/100 km
Consumo médio AutoSport: 9.8 l/100 km
Emissões de CO2: 185 g/km
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