Renault Clio R.S. Trophy 220 EDC: Apanha-me se puderes
Um motor ‘vitaminado’ e uma caixa mais rápida fizeram maravilhas no Clio R.S. Aperte o cinto e descubra-o na sua versão mais exclusiva
Nada como um pequeno utilitário desportivo para nos fazer regressar ao lugar onde as memórias são mais felizes. Pela primeira vez com a sigla ‘Trophy’ que também faz parte do Megane com a mesma designação, o mais potente Clio R.S. alguma vez produzido conta com 220 cv de potência e melhorias substanciais na caixa automática de dupla embraiagem EDC. De acordo com a Renault, as multiplicações e desmultiplicações são agora 30 por cento mais rápidas, o que a juntar aos 20 cv a mais sobre o Clio R.S. tradicional se traduzem num ‘brinquedo’ melhor preparado para enfrentar novos concorrentes como o Mini JCW, que viu o motor ‘crescer’ de 212 para 231 cv. O Renault ainda lhe fica atrás nesse aspeto, mas é também muito mais barato, a segunda boa notícia para quem gosta deste tipo de automóveis.
A má? Bom, apesar de custar apenas 30 790€ (mais 1800€ do que o R.S. 200 EDC e menos 4000€ do que o JCW), o Clio R.S. Trophy 220 EDC foi produzido numa série limitada, sendo que para Portugal vieram apenas 12 unidades. O melhor é mesmo apressar-se, porque a diversão que ele oferece a quem se encontra ao volante não deve fazer com que sobrem muitos…
ALMA VIGOROSA
Visualmente, este Clio muito especial distingue-se, desde logo, pela inscrição que pinta o lábio dianteiro. Mas também pelo branco mate da carroçaria, passível de ser conjugado com um tejadilho negro. Pedais em alumínio, volante em couro perfurado e bacquets com excelente amortecimento alertam-nos para o seu caráter emocional, não tivesse ele saído da fábrica da Renault Sport. Tal como a versão de 200 cv, o ‘Trophy’ conta com o botão R.S. Drive que altera significativamente a resposta do motor, agora com uma alma mais vigorosa. E também com o sistema ‘Launch Control’ para impressionar os companheiros de via assim que o vermelho dos semáforos der lugar ao verde. Pode depois acompanhar os efeitos práticos desse despique no ecrã que domina a consola central após selecionar o sistema de telemetria R.S. Monitor 2.0., que lhe indicará as forças ‘G’, pressão do turbo e da travagem, ângulo do volante e respetivas curvas de aceleração e binário. E com a vantagem de poder recolher os dados e ‘estudá-los’ em casa, de forma a avaliar o seu desempenho. Um ‘brinquedo’ digno da PlayStation, mais uma vez…
A tradição da Renault em compactos desportivos remonta há muitos anos, do 5 Turbo, ao Clio Williams e V6. E não restam dúvidas de que a sua filosofia foi devidamente incorporada no Clio ‘Trophy’, em particular o excelente comportamento do chassis, talvez o maior trunfo de qualquer R.S. com a assinatura da marca francesa. Já o acréscimo de potência do motor de quatro cilindros e 1.6 litros resulta de uma nova gestão do módulo de controlo eletrónico, e da inclusão de um novo sistema de escape e de um turbo de maiores dimensões. O binário subiu de 240 para 260 Nm (280 Nm com ‘overboost’), exprimindo-se na sua plenitude às 2500 rpm – mais 750 rpm do que a versão de 200 cv, enquanto no consumo médio a Renault declara uns otimistas 5,9 l/100 km. A ‘fundo’ chegamos aos 13 l/100 km, e a ‘rodar’ devagarinho ficou-se pelos 8,7 l/100 km com o contributo do Stop&Start.
O comportamento, mais eficaz, explica-se pela redução da altura ao solo (20 mm à frente e 10 mm atrás), o pisar mais firme, derivado da maior rigidez dos amortecedores, as mudanças operadas na direção, que recebeu uma nova cremalheira, e os pneus Michelin Pilot Super Sport que revestem as jantes de 18 polegadas. Três modos de condução (‘Normal’, ‘Sport’ e ‘Race’) estão à nossa disposição para ‘ajustar’ o Clio à nossa vontade, mas é no último que ele revela o seu lado mais rebelde. Aí, as curvas sucedem-se a um ritmo impressionante, não só pela agilidade evidenciada, mas igualmente pela resposta do motor, muito ‘redondo’ e sempre disponível à conta do turbo. Não admira, por isso, que demore 6,6 s a atingir os 100 km/h, sem esforço. É por tudo isto que conduzi-lo numa estrada sinuosa é um prazer enorme. E também porque é tão difícil apanhá-lo para os que seguem imediatamente atrás dele.
André Bettencourt Rodrigues
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