BMW M4 GTS… OU GT4?
Na dúvida, os dois: depois de andar com ele no Circuito do Estoril, António Félix da Costa ficou encantado com o mais exclusivo dos M4
Um fim de tarde a alta velocidade no mais emblemático dos circuitos portugueses, na companhia de um dos melhores pilotos nacionais e de um dos mais desejados produtos da engenharia alemã, tinha tudo para ser inesquecível. E a verdade é que o cartaz prometido não defraudou as nossas expetativas. Junto à primeira boxe do Circuito do Estoril repousavam um mais ‘modesto’ M4 e um visceral M4 GTS, adornado por diversos apontamentos que salientavam o seu carácter competitivo.
Difícil de explicar por palavras, tendo em conta que qualquer ‘M’ transpira competição. Mas fácil de perceber por estas belas imagens: travões carbo-cerâmicos de série, spoiler traseiro ajustável em altura, lábio dianteiro de dois tamanhos, jantes exclusivas de 19 polegadas à frente e de 20 polegadas atrás e inúmeros painéis da carroçaria em fibra de carbono. Lá dentro, um maravilhoso roll-bar (opção gratuita do cliente, que pode escolher se o pretende a adornar o espaço que antes recebia os bancos traseiros, excluídos desta versão, ou se prefere antes um M4 GTS mais discreto) faz companhia às duas bacquets de competição, ao volante em alcantara – material que, em conjunto com a pele, também reveste o habitáculo – e aos puxadores das portas em tecido – mais uma medida para reduzir ao máximo o peso.
Com um e outro lado-a-lado, as principais diferenças são meramente estéticas. E o mesmo acontece assim que ligamos a ignição, já que o motor é o mesmo, embora com diferenças no desempenho. Só quando se pressiona o pedal do acelerador pela primeira vez e se iniciam as primeiras trocas de caixa é que o ‘uau’ começa a tomar de assalto o espírito do sortudo que se encontra ao volante, para mais quando nos dois minutos anteriores tivemos um contacto com o M4, já de si fabuloso para um carro de série. O problema é que o GTS exalta de tal forma as nossas emoções e os limites da física, recorrendo à suspensão desportiva BMW M Performance e a um conjunto de outros ingredientes para proporcionar um equilíbrio de outro mundo e um rugido sonoro que contamina todos os receptores sensoriais do nosso corpo.
NO LIMITE
A confirmá-lo está António Félix da Costa, que aos microfones do AutoSport fez a seguinte descrição: “Depois de andar num M4 normal e de andar num M4 GTS, tu vês que no primeiro o equilíbrio do carro é mais na base do fugir de frente, também para dar para qualquer tipo de pessoa. É um carro que é menos agressivo, desculpa mais um erro. Depois sentas-te num GTS e vês que tem um balanço, um equilíbrio superior para quem gosta de andar mais em pista e de ir à procura do último décimo de segundo”.
Sobre o comportamento, António confessa que a forma como a frente se ‘cola’ ao chão impressionou-o: “De facto podes apoiar-te muito na frente, entrar nas curvas com muito mais facilidade que ela segura. Tens uma jante mais pequena à frente do que atrás, o que potencia esta característica do GTS, porque se tivesses jantes ou pneus de igual dimensão, a frente ia ser forte demais e fazer com que o carro se desequilibrasse, com a traseira sempre a fugir”, adianta.
A concluir, António acredita que o compromisso efetuado está “no limite” para um condutor sem tradição na competição que queira se divertir em pista, cumprindo desta forma o desejo e objetivo inicial da BMW na sua concepção: “Todo o pensamento à volta do carro é com isso em mente: em vires para a pista e conseguires divertir-te ao máximo. Os travões, o barulho… Tu sentas-te num M4 normal e já se sentes: ‘Fogo, grande carro!’, e depois sentas-te neste e é fabuloso. Andei no GTS depois de ter tido corrida do DTM e pensei: ‘Porra, eu meto uns slicks neste carro e ele vai andar perto de um GT4’. Impressionou-me, e está com pneus de estrada. Senti que o equilíbrio do carro é muito parecido a como eu gostaria. Aliás, já tive um DTM com um equilíbrio pior de como está este carro!” – motivo que leva o piloto português a descrever esse aspeto como a sua melhor característica: “Sou muito mais apologista do equilíbrio do que da potência. Muita potência sem equilíbrio não serve para nada, e um carro com uma potência mediana e com um grande equilíbrio é fantástico. Nesta pista, este carro deve pôr muitos Porsche no ‘bolso’ com o equilíbrio que tem…”
Contra a opinião do especialista restam poucos argumentos. Da nossa parte podemos apenas confirmar que as sensações e a surpresa são em tudo semelhantes. A única contrariedade está na sua exclusividade: apenas 700 unidades serão produzidas, sendo que somente três virão para o nosso País, entretanto já angariadas. Obrigado, M4 GTS. Foi bom conhecer-te!
FICHA TÉCNICA
3.0 L 500 CV
3,8s 100 KM/H
8,3 l/100 KM
194 CO2
178 100€
Preço Base
Motor 6 cil., Gasolina, 2979 cc, turbo dupla fase, Inj. Directa, Intercooler
Binário 600 Nm/4000-5500 rpm
Transmissão Traseira, Automática de 7 Velocidades
Suspensão McPherson à frente e paralelogramo deformável atrás com molas helicoidais
Travagem DV/DV
Peso 1585 kg
Mala 445 l
Depósito: 60 l
Velocidade Máxima 305 km/h
André Bettencourt Rodrigues
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