Ensaio: LEXUS RC 200T F SPORT 245CV
A democratização do visceral RC-F chega-nos pela mão do 200t, um coupé a gasolina para saborear… devagarinho!
Verdadeira lufada de ar fresco na dicotomia eterna que separa as marcas ‘premium’ alemãs de todas as outras, a Lexus, como a Jaguar ou até a Volvo, mostra-nos que é possível fazer bem no capítulo do requinte sem a necessidade de ser portadora de um Bilhete de Identidade da terra da ‘Mannschaft’. O desenho pouco convencional da carroçaria, sedutor pela sua agressividade, encontra correspondência no habitáculo, onde a experiência é também diferente. Os materiais são de bom nível, tal como a montagem, apenas o desenho foge à tradição germânica – o que até é positivo, nem que seja por fugir ‘à regra’. Tal reflete- se, por exemplo, na colocação do ecrã multimédia de sete polegadas que figura na consola central, ou até no velocímetro, totalmente digital, mas com um círculo amovível no centro, que se desloca para a direita quando premido um botão do volante. Num passo de mágica, o lado esquerdo revela nesse momento informações relativas ao binário e potência, espelhando desta forma o seu carácter desportivo.
SOLTEIRÃO
O RC200t conta com potente motor a gasolina de 2.0 litros, com apenas 160 kg de peso e ‘apimentado’ com um turbo de dupla entrada. Exprime 350 Nm e 245 cv potência, e revela-se particularmente energético entre as 3000 e as 6000 rpm. O peso (1800 kg), no entanto, impede-o de chegar aos 100 km/h demasiado depressa (leva 7,5s a consegui-lo, o que não é propriamente um elogio dada a ficha técnica), mas toda a experiência de condução é envolvente, seja pelas capacidades inâmicas do chassis e da suspensão, com o diferencial torsen e os amortecedores adaptativos a interagirem na perfeição com as ordens dadas ao volante, seja pela tração traseira (já ganhou pontos!), as patilhas no volante ou até o silêncio que se sente a bordo, derivado da excelente insonorização e do facto de esta versão contar com uma caixa de oito velocidades com escalonamento longo (e tecnologia G AI-Shift que adapta a relação de caixa consoante as forças G geradas).
Para emoções mais fortes, basta selecionar o modo Sport S+, que altera a resposta da caixa, direção elétrica e acelerador. O motor anuncia uma velocidade máxima de 230 km/h e um consumo médio de 7,3 l/100 km (emissões de CO2 de 166 g/km), mas estivemos longe de ser capazes de comprová-lo. Algo entre os 10 e os 11 litros pareceu-nos mais próximo da realidade. O Lexus RC é um ‘solteirão’ e isso vê-se no desejo que provoca de cada vez que alguém o vê em movimento. Mas também no desafogo que oferece aos seus ocupantes. Se à frente não existem razões de queixa, os passageiros que viajam atrás não poderão dizer o mesmo, pois o formato coupé traz sempre alguns compromissos que vão além do facto de, neste caso, ter apenas duas portas.
Ainda assim, pareceu-nos existir mais espaço para a cabeça do que em alguns rivais. O equipamento de série completo inclui cruise control adaptativo, limitador de velocidade, alerta de transposição da faixa de rodagem e as habituais entradas USB e AUX. A regulação elétrica dos bancos também faz parte da lista, tal como o seu revestimento em pele. E é preciso ainda referir a navegação, o alerta de pressão de pneus, as luzes LED e os sensores de estacionamento. A nível estético, traz uma grelha única e jantes específicas de liga leve de 19 polegadas. Se gosta de sobressair e costuma viajar sozinho, este é o carro certo para enfrentar as crises de meia-idade.
Preço base: 58 200€
Dimensões: (Comp/Larg/Alt): 4,69m/1,84m/1,39m
Motor: 4 cil., em V, turbo, gasolina , 1998 cm3
Potência: 245 cv/2800 rpm
Binário: 350 N.m./1650-4400 rpm
Transmissão: Traseira, cx. auto. 8 vel.
Suspensão: Duplo braço triangular à frente e multibraços atrás
Travagem: DV/DV
Peso: 1800 kg
Mala: 374 l
Depósito: 66 l
Vel. Máx.: 230 km/h
Aceleração 0 aos 100 km/h: 7,5s
Consumo médios: 7,3 l/100 km
Consumo médio AutoSport: 10,5 l
Emissões CO2: 166 g/km
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