Ensaio: Jaguar XF 3.0 V6 D S Premium Luxury

By José Luis Abreu on 9 Dezembro, 2015

Um dos lugares-comuns sobre os britânicos é que eles são excessivamente bem educados e demonstram uma grande capacidade de auto-controlo. Os automóveis correspondem melhor a esse estereótipo que as pessoas, como o Jaguar XF, um automóvel que obedece à regra que o silêncio é de ouro

Existe uma regra na ficção científica, escrita de maneira a tentar manter um certo nível de realismo, que diz que “no Espaço, ninguém te consegue ouvir gritar”, pois o som não se pode propagar no espaço. O Jaguar XF não é uma nave espacial nem anda no vácuo, mas é um carro em que se pode viajar no máximo silêncio, protegido de qualquer ruído vindo do exterior, até mesmo do barulho do motor. É quase como uma experiência de privação sensorial, em que os ocupantes do carro (exceto o condutor, por motivos óbvios) podem ignorar completamente o que se passa do lado de fora.

O conforto que é uma das imagens de marca do Jaguar XF também passa pelo amplo habitáculo. O carro britânico é um exemplo raro em que a berlina transmite a aparência de ser tão espaçoso como a carrinha equivalente, pois mesmo nos lugares traseiros não falta espaço para a cabeça. É um automóvel não temos medo do que os nossos amigos vão pensar de viajarem atrás, e onde os próprios ocupantes dos lugares traseiros não vão ter motivo para reclamar de viajarem com a vista bloqueada pelos encostos de cabeça, o que é bom para quem gosta de conversar. Ou então pode-se tirar o máximo proveito do excelente sistema de som da Bowers & Wilkins disponibilizado na lista de opcionais. O condutor fica sempre no comando mas há alguma tendência para tirar os olhos da estrada de modo a mexer no labiríntico sistema multimédia.

Também não é preciso ter medo de fazer uma viagem mais longa com os amigos, pois há espaço na bagageira para toda a gente, com um volume de nada menos que 540 litros. O nível de equipamento intermédio, Premium Luxury, está disponível por pouco mais de 85 mil euros, mas existe uma versão, menos ‘abonada’ mas suficientemente luxuosa, chamada apenas Luxury, abaixo dos 80 mil euros.

É fácil esquecer a parte mecânica no Jaguar XF. Estamos bastante confortáveis no habitáculo espaçoso e isolado do exterior. Mas não nos podemos esquecer que muito do conforto deriva precisamente dos seus componentes mecânicos, especialmente da suspensão, bastante virada para uma condução confortável. Os amortecedores, em particular, são muito eficientes e capazes de absorver completamente até mesmo algumas das lombas mais agressivas nas estradas secundárias. Mas quase nada se sente no interior. Há uma grande sensação de estabilidade, graças à longa distância entre eixos, mas as versões normais do XF não se sentem tão confortáveis a explorar os limites em curva. É preferível manter os ocupantes isolados e guiar o carro normalmente.

Embora a gama de motores esteja ligeiramente maior a nível internacional, em Portugal a marca continua a apostar nos motores Diesel. Neste caso, o 3.0 V6 Diesel S é a unidade motriz a gasóleo mais potente, com 275 cv, mais que suficiente para locomover o clássico automóvel inglês, mas pouco interessante a regimes mais elevados. Aliás, à medida que se começa a acelerar para velocidades menos recomendáveis, o computador de bordo começa logo a acusar o aumento de consumo de combustível. Para um motor de 275 cv, é possível manter os consumos médios abaixo dos 8,5 l/100 km, mas se perder o controlo é fácil passar dos nove litros. Mas de resto é um motor bastante suave para um Diesel, bastante silencioso, e o ideal para locomover os mais de 1700 kg do Jaguar XF. Uma alternativa a levar em conta aos cada vez mais convencionais alemães.